quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Lições Siberianas de Empreendedorismo (Parte 1)

               Estar na Sibéria é sempre um teste diário para a capacidade de planejamento e de realização. Com estações muito bem definidas, quando é chegado o inverno, acordar com baixas temperaturas e muita neve tendo que enfrentar os afazeres do dia a dia requer sempre uma previsão de como me vestir, qual forma melhor de agasalhar, se devo ter uma sombrinha, qual a melhor forma de transporte, manter ou não certas atividades, e para tudo isso o dia deve sempre começar com acesso as informações do tempo, da previsão do tempo, para a parte da manhã, da tarde e da noite, com todas as possíveis variações.
                É preciso sempre estar atento na umidade do ar, e na sensação térmica. Olhar pela janela logo pela manhã e ver um belo dia ensolarado não é certeza de que o tempo esteja favorável, e talvez menos frio. Com o vento somado a temperatura temos o resultado da sensação térmica, isto é, pode-se ter temperaturas amenas, mas com sensações térmicas de temperaturas mais baixas. Pode ser -5 graus porém a sensação térmica é de -20 graus.
                São situações que nos impõe quando nessas condições o dever do planejamento do dia, a começar com tais informações do tempo, para com isso saber bem como vou me agasalhar, pois ser pego desprevenido é sempre a mais desconfortante das situações, que muitas vezes temos que fazer o caminho de volta para a escolha de melhores peças de roupas para a contenção do frio.
                Para os siberianos é uma situação absolutamente domável e que se aprende desde a infância, resultando em uma expressão que define bem, ao dizerem que não existe frio, existem pessoas mal vestidas, mal agasalhadas. Diante da realidade, quando porventura se veste a meia errada e passa o dia todo com a horrível sensação de que os pés estão molhados, que estão congelando, que vai perdendo a sensibilidade, o ditado naturalmente parece estar muito bem construído.
                Nesse aspecto do planejamento de como estar no dia, e a escolha correta tornam-se preponderante para o bem estar no inverno. Cabe ressaltar o conceito de efetividade, que são as atitudes e escolhas que tornam real e concreto os resultados. No inverno não há possibilidade para a falta de efetividade com relação ao planejado e realizado, ou acerta, ou o dia será de tormenta com a degradante sensação térmica por conta da falta de proteção. Não há espaços para o gerundismo, não se pode estar vestindo, preparando, arrumando, agasalhando. Você já sai de casa vestido, preparado, arrumado, agasalhado.
                No mundo do empreendedorismo a situação é semelhante. Para cada momento, cada ação requer algum grau de planejamento. É preciso traçar o escopo, e planejar as ações. Simplesmente agir sem previsão é sempre um risco, seria como caminhar pelo escuro, sem saber o que nos espera logo avante. Para isso, quanto mais recursos de planejamento, melhor será a consecução dos resultados.
                Feito o primeiro passo, que é ter certo nível de informação e planejado o agir, é hora de colocar em prática. E momento de construir os resultados, é momento de tirar materializar as idéias, transformar a realidade com vistas ao nosso planejado. Para isso o emprego de energia que substancialmente cada nível de situação nos exige.
                O distanciamento entre o planejado e realizado, terá como variante fundamental a efetividade dos nossos procedimentos, e o compromisso com os resultados. Num campo de visão, no ideário, faz saber que para sermos efetivos, é salutar contar com a visão do realizado. Construir desde o início imagens mentais do proposito já realizado. Diz-se que no campo das neurociências, da neurolinguística e da física quântica, que a concepção do realizado em termos do imaginário, cria campos energéticos e quânticos suscetíveis para a compensação das necessidades.
                Para o sucesso do tornar realidade, é preciso de antemão o compromisso com o fim, conceber que os meios são parte para o fim. Dentro da infinidade de exemplos vale ressaltar os mais básicos a título de compreensão ampla. O gerente do departamento planeja para os próximos dias uma ação de vendas para queima de estoque. Para isso traça o escopo, define um plano e compartilha com sua equipe. E para o João é dada a tarefa de ficar responsável pelo material gráfico de divulgação da campanha. Todos os dias o gerente reúne a equipe para um feedback, e organizar o budget, a diferença entre o planejado e realizado. E quando perguntado, o João se sentindo cansado sempre responde que havia ligado, havia falado, havia pedido, e estava tudo sendo resolvido. Todos os dias era a mesma história. O João estava fazendo! O gerente prevendo que as tarefas passadas ao João fossem se realizar, decide ele mesmo realizar. O João sobremodo decepcionado questiona o gerente sobre a atitude, pois para ele em todo o tempo ele foi ativo, em todo o tempo este fazendo.
                A realidade do exemplo, que se passa entre um gerente um membro da equipe, demonstra a realidade que se encontra nos mais variados espaços empresariais, do serviço público, das atividades sociais, e demais, a saber a falta de compromisso com o fim, a insana ideia de que o compromisso com os meios nos legitime como bons executores, numa lamentável concepção de que fazer por fazer, do ativismo sem vistas ao objetivo, representa o melhor modo de estar e ser participe da vida organizacional de qualquer empreendimento.
                O nível mais maléfico de realidade linguística para o empreendedorismo certamente é o gerundismo. Deparar com a realidade do gerundismo como resposta para o planejado é como nos deixar sem a definição concreta de qual momento nós estamos em nosso planejamento. E preciso respostas do onde, como, porque, quando, que horas, que parte. E preciso ser quanto mais atomista, no sentido de ter claro todas as partes do desenvolvimento do planejamento para melhor visualização e definição dos resultados.
                É preciso a construção dos valores do fim, em que todos entendam que estar fazendo, pode significar não fazer, pois no final, quando os resultados não comparecerem depois de intensa atividade, o desgaste e apregoação do fracasso serão reluzentes e discriminado para todos. O João não entendeu que não bastava apenas ligar, que independentemente era preciso o material na data prevista. E que para ter sido efetivo, o seu compromisso deveria ser com o fim. Caso fosse, certamente João teria construído várias alternativas para ter chegado ao fim, ter tido seu resultado favorável como determinado para ele. Talvez tivesse ido pessoalmente, agendado o transporte, falado, brigado, enfim, se efetivo o João, não importando como, teria cumprido seu objetivo. Esse sim, é o sinônimo da efetividade. Missão dada, deverá ser sempre uma missão cumprida.

                Empreender consiste na básica tarefa de a cada dia planejar e executar de modo efetivo pois como um siberiano, não ser efetivo com os resultados é a certeza de sentir o frio cortante e aridez do inverno. Não ser efetivo nessas condições é prerrogativa do refazer, do alongamento do tempo, do desgaste do tentar novamente. E para ser econômico em todos os sentidos, nada mais caprichoso que ter por essência do fazer a efetividade.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

10 leprosos - 1

"E aconteceu que, indo ele a Jerusalém, passou pelo meio de Samaria e da Galiléia;
E, entrando numa certa aldeia, saíram-lhe ao encontro dez homens leprosos, os quais pararam de longe;
E levantaram a voz, dizendo: Jesus, Mestre, tem misericórdia de nós.
E ele, vendo-os, disse-lhes: Ide, e mostrai-vos aos sacerdotes. E aconteceu que, indo eles, ficaram limpos.
E um deles, vendo que estava são, voltou glorificando a Deus em alta voz;
E caiu aos seus pés, com o rosto em terra, dando-lhe graças; e este era samaritano.
E, respondendo Jesus, disse: Não foram dez os limpos? E onde estão os nove?
Não houve quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro?
E disse-lhe: Levanta-te, e vai; a tua fé te salvou." (Lucas 17:11-19)


Ontem ouvi um sermão explanando sobre o leproso que é curado e retorna para agradecer, e enquanto ouvia, algumas idéias me assaltavam no momento, e irei compartilhar;

Leprosos

A lepra como doença recebe o título de a doença mais antiga do mundo, afetando a humanidade há mais de 4 mil anos. A transmissão é por meio de gotículas de saliva. São graves os sintomas dermatológicos, consistindo no comprometimento das sensações nervosas, diminuindo a capacidade da sensação térmica nos locais afetados.

Por um outro angulo de analise, a lepra é uma doença que afeta a pele, que nos fala de contato, é por ela que fazemos o contato físico com o mundo, é a responsável pelo tato. E um problema desse nível nos fala de uma patologia do 'contato'. Seria pessoas com problemas de contato social, insensibilidade as sensações do toque, dos relacionamentos, da vida, do outro, da natureza, de Deus. 

E a causa? Considerando a transmissão por gotículas de saliva, parte, portanto da boca, de onde procede todo o conteúdo de linguagem, de fala, de palavras. Em especial de um conteúdo sólido que sai da boca do outro e contamina. Seria dizer das representações e constituição que fazemos a partir das palavras, daquilo que ouvimos. Resumo da interpretação do outro, da nomeação e internalização dos conceitos do outro. O leproso é alguém que adoeceu por conta das palavras, perdendo sua capacidade de sentir, de saudavelmente estabelecer contato com o mundo.

Entrando no campo dos exemplos, a rigor, podemos citar a criança que passou toda a infância sendo maltratada, ouvindo que não valia nada, xingado, deturpado, explorado, e abusado verbalmente, construindo uma identidade e representação do outro, dos relacionamentos e da vida, que implicaram em uma perda da capacidade de sentir, uma vez que essa inabilidade em sentir fosse a resposta mais adequada que o organismo encontrou para evitar o sofrimento.

Essa dificuldade no contato, em sentir, que sequestra, retira uma parte do todo especial do viver, que é sentir e administrar este contato com o externo, discernindo a temperatura da vida, seria como deixar de salgar uma refeição, a vida se torna insipida, mas bem, tornou a escolha inconsciente do leproso, para evitar maiores sofrimentos. Melhor não sentir, a correr o risco de sentir novamente a agressividade e dilaceração que alguns contatos impõe. Uma defesa psicológica inteligente se pensarmos na possibilidade da continuidade do sofrimento.

Mas essas defesas marcar e conceituam o leproso, tornando marginal a vida. As implicações para quem na sente é marcada pela desconsideração dos limites, a começar consigo e terminado em não compreender os do outro. Assim se constroem os agressivos, os loucos, que resultam em essência, antissociais, excluídos e marginalizados. Por isso os leprosários, local especifico para pessoas leprosas, a fim de se manterem em conjunto evitando causar a transmissão da doença para os demais.  Um tipo de carcere para evitar a disseminação do vírus.

Misericórdia

E confinados nesse local especifico de longe os leprosos veem que Jesus, a reencarnação do Verbo, a Palavra Viva se aproxima. O Verbo que tem poderes de semânticos, poderes de acionar por ser verbo, poderes de transitar, de chamar um complemento. A Palavra Viva que tem poderes de ressignificar todo esse conteúdo, todo o texto da memoria, da identidade e representação que o leproso construiu ouvindo e sentindo tantas palavras de auto teor de morte, de desestabilidade, de dor.

E de longe, pois não podiam aproximar de ninguém, eles gritam para Jesus ter misericórdia.

Misericórdia no original hebraíco é rahamíms e deriva da palavra réhem, que significa 'a matriz', o útero da mulher. Assim Chouraqui traduziu o conceito de ser misericordioso como a capacidade de matriciar, isto é, a capacidade de ser matriz, a matriz do Universo, no mesmo sentido que uma mãe, com seu útero, é a matriz em todos os sentidos para a criança, desde o ambiente, a alimentação, os cuidados, a fonte para todas as necessidades da criança que ali está presente.

Nesse sentido, quando os lepresos, portadores de transtornos na capacidade de fazer contato, inabilidade em sentir, advindo de uma historia de prováveis árduas e duras palavras, que implicaram numa subjetivação doentia, pedem que a Palavra Viva, os tomem e novamente os remetam ao útero, a matriz da vida, acolhendo e proporcionando o afago, o suprimento, a ressignificação, a identidade, a saúde e a paz.

Assim Jesus os atende, mas disse 'Ide', em um sentido de dar liberdade, de poderem transitar livremente, de serem libertos da marginalidade, do cativeiro do leprosário. Ir ao encontro dos demais, da convivência, do meio social. Era um comando de liberdade da prisão maior, a do convívio, da sociabilidade.

E a medida que estão indo, que estão curtindo a liberdade, são curados da incapacidade de sentir, de bem relacionar, de discernir os limites. Mas apenas um que era leproso conseguiu perceber que estava curado, e retornou para agradecer, e este era estrangeiro.

9 Leprosos

Os 9 leprosos que iam pelo caminho e foram curados, o texto bíblico não acentua que eles perceberam que foram curados, mas apenas um. Fica uma grande interrogação por que não 'viram' que foram curados, e simplesmente seguiram caminho, sem voltar na atitude de reconhecer o dano e o fato da cura. Talvez o texto nos aponte um fator e um ensinamento a partir do conceito de ser estrangeiro e leproso.

1 Leproso

Mas apenas 1 leproso retornou, agora sem lepra, curado, para agradecer. E este era estrangeiro. Talvez resida no fato de ser estrangeiro que o faz retornar e agradecer, pois o estrangeiro é aquele que está distante do sentimento de posse, é aquele que não tem raízes, suas ligações não apresentam fortes laços, ele não tem terra, não tem chão, onde vive é de outrem.

E por não ter pertencência, isto é, o país não é dele, o povo, a língua, a cultura, a gastronomia, a mentalidade, nada é dele, suas raízes estão em outro local, ele é diferente, e vive diariamente tendo que saber que ele não faz parte, e o exercício de compreensão da mentalidade e cultura local que não é a sua. É diariamente a busca de um projeto de pertencer mas sem raízes. É estar mas não estar. É ter que se ajeitar em um mundo que não é próprio. É ser habitante da casa alheia, é ser visita o tempo todo. 

Talvez estivesse ai o seu problema de contato, a sua lepra, a dificuldade de estabelecer relação com o alheio, com um mundo que não era seu. Aqui está indícios da possibilidade de um religioso, que sabe não ser deste mundo, mas tem extremas dificuldades de estabelecer um contato saudável com este mundo, em 'não sejais deste mundo'. Pessoas que não conseguem elaborar o fato de não ser daqui mas terem que estar aqui, e assim tentar criar no mundo do outro o seu próprio mundo, só pode resultar em confusão. 

E o encontro com o Mestre da Vida, tenha curado este sujeito do seu grave problema de duas culturas e suas implicações permitindo a ele transitar bem em não sendo deste mundo, mas presente neste mundo, e assim reconhece que a vida poderá ser leve e fácil a medida que conseguira viver bem o sagrado. Por isto voltar e agradecer, agradecer pela habilidade de uma vida espiritual saudável e equilibrado em contato com um mundo que não é seu.


quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Novos desafios do evangelho

À medida que a sociedade se transforma e proporciona novos arranjos para a vida humana, por sua vez o evangelho que em essência é imutável precisa se preparar e elaborar novas estratégias para enfrentar os desafios que são colocados. É preciso entender como deverá ser o processo para salgar, e de que modo deverá ser a iluminação, considerando que o evangelho é sal e luz.

Os desafios a cada dia são mais extensivos e requer uma capacidade de analise tremenda, pois o conjunto dos desafios a iniciar pelos esquemas da globalização, a velocidade na troca de informações, que por sua vez configura novas formas de relações interpessoais, com a marca da velocidade nos encontros e desencontros, a superficialidade dos mesmos, que resultam em novas ‘patos’ (doenças), a saber, que passamos da geração depressão, para a geração da fobia, um novo momento marcado pelo medo.

Os desafios sociais, que determinantemente são conseqüências da mentalidade e dos padrões de comportamentos individuais, a cada dia são mais marcados pela frieza e distanciamento do amor, originando a barbárie, e assim, a tentativa de legitimação de políticas a favor da irracionalidade, em detrimento da ausência de responsabilidade pessoal.

Assim são os novos desafios da geração atual, enorme variedade de crimes contra a vida, por inúmeros e banais motivos, a pedofilia, o aborto, a eutanásia, a legitimação jurídica das relações homofóbicas (casamentos gays),novas substancias para narcodependência (caso do epidemia de crack), crescente do tráfico (humanos, drogas, armas, animais, órgãos humanos e outros).

E, estas realidades parecem fazer parte de um outro mundo, distante do mundo evangélico, haja vista que este mundo e revestido de uma moralidade que impede estes tipos de práticas. Deste modo, os desafios sociais, ficam de fato no ‘mundo’, e já não fazem mais parte da nossa realidade. É como se esses problemas já não nos afetasse mais, agora somos de Deus, novas criaturas, todas essas coisas ficaram para trás.

Mas a nós é imputado não apenas o dever do crescimento espiritual e da intimidade com Deus, esquecidos numa torre de marfim, ou nos montes de oração, mas sim, salgar esta terra, ser um farol que ilumina a geração. Não basta deixar os problemas sociais a quem deles é dever, pois é dever da igreja a transformação pessoal, e por sua vez social. Quero dizer, é problema nosso (evangélicos) todos os desafios citados.

A mensagem do Cristo é clara a esse respeito, pois o evangelho é poder transformador e restaurador, deste modo é possível enumerar alguns passos necessários para o despertar da igreja para os novos desafios.

1) Reflexão e entendimento que os desafios sociais é também dever da igreja, tendo em vista a própria dimensão da igreja enquanto instituição social, que tem como motivo de existência o evangelho, que é luz para o mundo. Ou seja, o real motivo de existência da igreja é exatamente ser referencial moral, um farol existencial. Em vias práticas é tornar próprio os desafios, militar pela transformação dos desafios segundo o padrão moral do evangelho;

2) Se o futuro da nação e das instituições é a juventude, trabalhar de modo reflexivo e prático os temas que perjuram os desafios sociais, treinando a capacidade de refletir e encontrar situações práticas, de militância a favor das vertentes evangélicas. A geração juvenil entender quais são suas bandeiras a favor da vida e da saúde, a partir dos conceitos cristãos e ser testemunha viva e força atuante em prol de suas bandeiras;

3) Entender o papel da política, enquanto dimensão democrática, isto é, papel representativo que damos a determinadas pessoas (políticos) em nos representar, e assim fazer políticas sócias de acordo com suas ideologias. Quer dizer, é preciso entender a função social da política e ter consciência política.

4) Treinar uma geração juvenil afim de política, para que ser atuante na dimensão política, a fim de atender e produzir políticas públicas a favor da vida de acordo com os padrões éticos e moral cristão. Se a política e economia são duas forças motrizes da sociedade, é preciso, não obstante, dever, ter indivíduos estratégicos posicionados para legitimar não políticas próprias, ou políticas de clã, mas legitimar políticas e militar contra políticas que intentam a desfavor da moralidade e ética bíblica, entendendo que os mandamentos bíblicos são vida para aqueles que o vivem, destarte, ter uma aplicação generalizada, isto é, políticas publicas de acordo com os mesmos, é a expressão da vida e saúde social.

Somente juntos seremos e teremos a força necessária para colocar o Brasil no rumo certo, sendo sal e luz que tornam o tempero e claridade necessária para o bem-estar, de modo que as pessoas possam estar bem no próprio pais, pensando e caminhando sempre a favor da vida.

nEle podemos todas as coisas!

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Os ladrões da Cruz


Falar de cruz, a primeira imagem que surge é a de Jesus Cristo pendurado no madeiro, com os cravos nas mãos e nos pés derramando sangue. A segunda imagem, se conseguirmos ampliar o foco, é ver que ao lado de Jesus, no monte da caveira, no Gólgota, estão outros dois crucificados, homens maldosos, ladrões e réus confessos, cumprindo a sentença que por justiça lhes coube por determinados crimes.

No entanto, existe uma situação que é peculiar àquele momento, o dialogo entre os crucificados, de um lado a expressão da humildade, a qual faz um dos crucificados reconhecer o senhorio do Deus Crucificado, e isso lhe rende nos últimos minutos a salvação.

Do outro lado está uma figura que até os dias de hoje a ação daquele crucificado reverbera em nossos ouvidos, e se torna clara aos nossos olhos, que em tamanha estupidez e altivez, o condenado, que nada lhe restara mais, se não, morrer, grosseiramente desafia o crucificado do meio, se ÉS o Cristo então salva a Ti mesmo.

Esse individuo é a expressão de algumas caricaturas cristãs que caminham em nosso meio. São pessoas que submergiram em todo o processo cultural do cristianismo, elas freqüentam a igreja, falam o idioma ‘crentês’, anda como um crente, fala como um crente, enfim, tem todo tipo de comportamento de um crente, isto é, toda a mecânica, todo o externo é crente, mas o interno, as atitudes, a mentalidade caminha em uma outra via distante.

O símbolo máximo da submissão e devoção que pertinentemente nos faz caminhar pela via da autenticidade da vida cristã é a Cruz, na qual é operante um processo de mortificação, onde eu já não existo mais, e sim Cristo vive em mim. E essas pessoas até vão a Cruz, aceitam a coroa de espinhos, os pregos cravejam as mãos, cravejam os pés, isto é, a mentalidade (coroa na cabeça), seus feitos (mãos) e sua caminhada (pés) são condizentes com o evangelho, mas a diferença é que a lança ainda não perfurou o lado esquerdo, para vazar, para vir para fora tudo o que está dentro dele.

É uma classe de cristãos que a lança não terá vez, não existirá estampado a permissão para furar o lado, pois é do saber que tomar a cruz é um ato deliberativo, passa pela vontade, pelo querer, é preciso vontade para ir a cruz, aceitar os pregos, a coroa, e a lança, e essa classe de pessoas aceitam todos os passos, exceto a lança que traria mudanças interiores profundas.

E impedirão a lança por um motivo escandaloso, são roubadores, ladrões da glória. Feridas narcísicas não tratadas, frustrações pessoais, infância marcada pela inferioridade, auto-imagem comprometida, situações interiores que geram nesses indivíduos uma atitude de super compensação, isto é, vão lutar a todo custo para resolver um passado que nunca passou. Utilizarão do púlpito, da bíblia e do poder da palavra para autopromoção, na tentativa de dizer ao passado que agora são fortes, são vencedores.

São pessoas eternamente lutando no presente contra seu passado, contra a criança emocional que não cresceu, não superou, somente mudou os artefatos que outrora utilizava por aparatos de adulto, simplesmente trocaram os brinquedos. Sofrem da síndrome de Clark Kent, a síndrome de Super Homem, Super Crente, Super Pai, do SSSSuper. Tentam dizer a todo custo ao mundo quão grande são.

Quão pesaroso para tais seria perceber que a medida que tentam mostrar sua grandeza revelam sua pequenez, sua insensatez. Como o ladrão da Cruz que num ato de inabilidade existencial desafia o Autor da Vida, numa tentativa de dizer mais uma vez que ‘eu sou mais eu’, e que no último momento para sair da roda viva da repetição neurótica de sua vida, a qual por toda a sua vida se preocupou em dizer quem ele era, tamanha preocupação em dizer, que não conseguiu escutar quão pequeno era, e assim poder sustentar que ele sempre seria pó, essa seria a chave do seu cárcere emocional, que desataria as prisões e o colocaria em liberdade.

Não obstante, para os ladrões da Glória, super homens por fora, meninos feridos por dentro, toda a Glória seja ao próprio self, verdadeiras cisternas rachadas que não retém água, homens que estão ao lado da Fonte Viva, mas ininterruptamente sentem sede, sede de vida, de liberdade, de serem simplesmente eles mesmos.

Tornar a Ele toda a Glória, e não a si próprio a Glória, implica em assumir a condição de ferido, doente na auto-estima, e por mais dura que seja a serviz, ela precisará ser totalmente curvada, e com a disposição interna, dizendo SIM para a lança, a fim de que a mesma possa perfurar o lado, e assim colocar para fora toda água salgada e amarga, e esgotar todo o sangue, símbolo da própria vida, consolidando o verdadeiro morrer, e ser não um ladrão da Glória, mas um participante da Glória Divina e Eterna.

Pois de fato, somente a Ele toda a Glória!

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Freud, Nietzche, Marx e Cristo: Seguimentos e paradoxos





Em “Assim falou Zarastruta”, Nietzche afirma categoricamente por meio do seu personagem que sai vagueando pelos mercados, praças anunciando para o povo que “Deus está morto”. Na busca pelo desmascaramento dos valores, e anunciando a genealogia dos valores, Nietzche tem por certo que a vida para ser bem vivida, é aquela que se contempla totalmente a idéia de finitude, isto é, o homem é finito, derivado do húmus, e para este há de retornar. A vida tem seu inicio e seu fim, e basta, nada mais que isso. A idéia de eternidade, de vida pós-morte é totalmente inconcebível ao homem elaborado por Nietzche, ao contrario é o sintoma de fraqueza, portanto em sua busca de construção de um outro mundo, afirma “Deus está morto” e não há quem possa se esconder no mesmo.

“A religião é o ópio do povo”, assim afirma Marx, que a religião tem em sua essência a capacidade de turvar a consciência dos homens, impedindo que possam desenvolver o curso de vida autenticamente, e sim, de um modo completamente alienado. Em sua visão a religião tem propriedades alucinógenas projetando o povo para crenças que são falácias revestidas de sagrado.

Para Freud, a “religião é a neurose obsessiva da humanidade” e “religião é o futuro de uma ilusão”. Primeiramente, Freud afirma que a religião é uma neurose obsessiva em decorrência de vários de projeção que fazemos das figuras paternas e maternas, criando um Deus, que tivesse vida e por sua vez nos impusesse as restrições. A repetição da historia do desamparo que sentimos do pai, e assim projetamos em algo que apazigúe esse desamparo, isto é, a figura de Deus. Não obstante, a religião ser uma ilusão, porque na visão de Freud, a partir de um tom de cientificismo, a sua crença que a única coisa que melhor poderia ser ao homem, será a ciência, a qual poderá trazer progresso a vida humana.

Analisando as celebres expressões que caracterizam os pensamentos dos autores acima, algo aponta para um materialismo critico, que encerra toda e qualquer possibilidade de contemplar o mundo em sua dimensão bipolar de mundo real – mundo espiritual, e no âmbito do humano, das dimensões da alma – e do espírito. Seria como retirar os olhos que tanto enxergam dimensões da vida, e viver no mero tatear sobre a escuridão. É de se pontuar que tais pensamentos advem da própria morbidade do espírito, que apagado na própria escuridão jamais concebeu a ideia do espiritual. Não como fuga, mas como a capacidade de transcendência, a capacidade de encontro e re-encontro com o Absoluto, pois como afirma Cristo, que Ele é espírito, e importa que os verdadeiros adorem em espírito e em verdade.

A idéia do espiritual é a concepção de encontro da vida, do retorno ao elo perdido, atendendo ao desejo inconsciente de Deus, como afirma Viktor Frankl, um desejo latente que anseia ardentemente ao retorno e comunhão com o Criador. Nesse quesito, rompe-se a concepção da patologia para inserir o humano na concepção de saúde, e saúde espiritual, que faz florescer a capacidade de contemplação profunda, reflexão critica da existência, e revitalização da consciência, e da transcendência.

“Eu e o Pai somos um”. É se chegando ao Filho que temos acesso ao Pai, mas somente por meio de um espírito vivificado, que nos revoga a possibilidade de viver o verdadeiro amor, que traz a tona uma relação autentica de filiação, isto é, a verdadeira e saudável relação de Pai-filho, na qual o amor é a coluna que sustenta todas as coisas, e que como balsamo traz a capacidade de uma ação curativa e preventiva.

Somente no Amor!

Começo me escutando





O tema da reforma é propriamente muito interessante, mas você tem que entender que as reformas sempre começam primeiramente pelos atos das reflexões, é o primeiro passo de uma caminhada de mil passos.
Em primeiro aspecto é preciso entender o “zeitgeist”, ou seja, o espírito, o momento cultural, social, econômico da época, enfim o contexto geral. E nada melhor para entender que nos chegarmos ao pensamento de Karl Marx (Filósofo Alemão que juntamente com Engels foram idealizadores do chamado comunismo ou socialismo real). Ele diz que a consciência (mente) é formada pela integralização das relações de produção (Marx em seu pensamento enfatiza muito o papel do meio na formação da consciência). Isso quer nos dizer que toda mentalidade é a mentalidade de um tempo, de uma época. Desta forma podemos apontar que as relações de produção (Homem e o meio), e por sua vez a mente atual, está totalmente implicada com a marca do nosso tempo, isto é, a rapidez, a velocidade de tudo e todos, são as informações, alimentos, ligações, produções, em resumo, hoje tudo é FAST, é a síndrome do pensamento acelerado, síndromes da falta de profundidade. Estamos caminhando patologicamente da depressão para as síndromes de ansiedade (fobias, ansiedade, pânico, etc.).
Segundo aspecto é entender que existe um individuo que existe, que se apresenta como um ator no palco do mundo, mundo este configurado pela dimensão FAST, tudo artificial e rápido. Embora esse indivíduo esteja num mundo que por mais que se transforme, tome outras roupagens, novos processos, com cara de moderno, ou pós-moderno. Se ele pára para se escutar, analisa a si mesmo mais profundamente, acaba descobrindo a existência de determinadas demandas, que sobre a proteção do meio, seja do moderno, ou pós-moderno é impulsionado pela pulsão e pela sua própria proibição, a saber, a proibição do seu próprio desejo.
O que quero dizer é que mais que o mundo mude o sujeito sempre existira com os velhos dilemas originados do seu próprio desejo, sem saber lidar com tal elemento que muitas vezes aparece-lhe como um monstro fantástico capaz de devorá-lo.
Assim trazendo tudo para o contexto relacional de sermos igrejas, o corpo da comunhão de Cristo, chamados em sua essência maior que é o amor; a grande “sacada” é: poder escutar a nós mesmos e nos conhecer profundamente. Chegamos assim a ter a mesma “sacada” que Sócrates (Filósofo grego) teve ao ler os escritos nos portais dos oráculos de Delfos: Conhece-te a ti mesmo!
Viver uma reforma do amor parece-me passar por essa via, de conseguir escutar o próprio desejo, para assim ser capaz de escutar o desejo do outro (amar a si é ser livre para amar o outro). Tão somente nessa ordem, partindo para o domínio do monstro da pulsão, não poderemos chegar à jornada de Samaria (JO. 4), quando Jesus olhando para a samaritana disse: “que 5 maridos já tivestes”, “e o que tens ainda agora não é teu”, e a partir de uma apurada e singela escuta, Ele colocou aquela mulher na rota exata da sua perdida existência. E, sabiamente, ainda o Mestre do amor diz: “cisternas, poços há por toda parte, mas somente em mim, dentro em mim, há a verdadeira água, da qual quem beber nunca mais voltará a ter sede”, somente creia! Aquela mulher, ao conversar com o Mestre, internaliza-se, compreende seus desejos recupera o sentido de existir, a poesia da vida, nEle que é a fonte de águas vivas!

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

O propósito: Empreender


O espelho parece ser sempre implacável para aqueles que se detém diante dele de ouvidos abertos, sempre ecoando com duras perguntas sobre a existência, a saber, porque existimos, por qual motivo estamos neste aqui agora; Evidentemente essa pergunta ora sim me pega de surpresa, e hoje foi um desses dias de perguntas filosóficas sobre a existência. E como de praxe o meu esforço cognitivo e buscar essas respostas sempre tendo como elemento preponderante a existência de Deus e sua relação com o homem entendendo como uma perspectiva criacionista, isto e, que Deus nos criou, e estabeleceu propósitos para este feito.

E hoje me perguntando sobre esses propósitos ecoou a mim uma famosa parábola contada pelo Cristo a respeito dos talentos (Mt. 25), que certo homem chamou seus servos, e deu 5 talentos para um, 2 talentos para outro, e 1 talento a outro, dados conforme a capacidade de cada um, e ausentou-se do pais por determinado tempo. E a seguir, o que tinha 5 talentos negociou e dobrou seus talentos, do mesmo modo fez o servo que tinha 2 talentos, já o que tinha 1 talento enterrou o talento para que não perde-lo. E na volta do senhor de tais servos, as congratulações foi dada aos dois servos que multiplicaram seus talentos, e a punição aquele que enterrou seu talento.

E a medida que me perguntava sobre os propósitos, esse texto me assaltava a mente, mas apontando para o conceito de EMPREENDER. O propósito da humanidade, contextualizando com conceitos modernos e fazendo referencia ao texto bíblico, diz respeito a atitude que cada um devemos ter em empreender porquanto vivermos.

Uma das definições mais aceitas hoje em dia e dada pelo estudioso de empreendedorismo Robert Hirsch. Segundo ele, empreendedorismo e o processo de criar algo diferente e com valor, dedicando tempo e o esforço necessários, assumindo os riscos financeiros, psicológicos e sociais correspondentes e recebendo as conseqüentes recompensas da satisfação econômica e pessoal.

Não obstante, cabe a cada um de nos a brilhante tarefa de compreender que empreender não e apenas abrir um novo negocio, “fazer dinheiro”, ou qualquer outro tipo de atividade apenas concernentes ao mundo dos business. E preciso ir mais alem, para empreender e preciso conceber em primeiro plano a existência de um sujeito, entenda por sujeito, aqueles indivíduos que agem, inovam, lutam, criticam, pensam, opinam, acham, acreditam, fazem, enfim, saem do seu lugar e gastam energia na realidade.

Doravante a concepção da existência de sujeitos, o conceito de empreender, diz respeito a tudo aquilo envolve a condição do diferente. Uma idéia, uma opinião, um raciocínio, uma emoção, uma atitude e uma ação diferente do comum e habitual que houve por sua vez o emprego de esforço da nossa parte, vale dizer que isso de fato e empreender.

Empreender significa sair do lugar e fazer aquilo que ainda não foi feito, e superar sua própria rotina, e avançar alem do já trilhado, conquistado, realizado, ate porque a perspectiva que apresento em torno de empreender, e que todo empreendimento começa dentro de cada um. O externo, as grandes inovações em todos os campos, primeiro elas começam na mente, portanto empreender e uma atitude que se faz em direção ao diferente, ao novo, a mudança. Empreender e inserir-se no que e dinâmico, e viver constantemente as mudanças que a realidade nos cobra diariamente. E se re-inventar, e se re-estruturar de diversos modos a cada dia, e ser flexível diante do real.

E o que significa ser um bom empreendedor? Ser uma pessoa que fez um ótimo negocio e obteve resultados satisfatórios? Pode ate ser, mas a essência de ser um bom empreendedor e sempre tentar, nunca parar, nunca desistir, ate porque o sucesso e resultado, e não causa. A causa são os esforços de inúmeras tentativas. A começar da tentativa de sermos pessoas melhores, para fazermos um mundo melhor, e como resultado, o sucesso.

Sejam bem-vindos ao mundo dos empreendedores, um mundo que não existe campeões, mas sim, vitoriosos.