terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Quebrantar do homem exterior e renovar no homem interior




Já era madrugada, e depois de muito refletir, liguei meu computador e abri a bíblia online. Comecei a passar os livros a começar em Genesis, procurando por algum personagem bíblico que pudesse materializar historicamente a saga de uma vivencia parecida com aquela que estava refletindo no momento, e se possível, gostaria de encontrar um modelo de resposta que pudesse ser inspirador.

A historia a qual buscava tinha a ver com as situações em nosso relacionamento com Deus, onde somos conduzidos a lições que possam promover o quebrantamento do homem exterior e a renovação do homem interior. Assim como para uma arvore ter vida, foi preciso romper a casca da semente, e a vida que ali dentro existia viesse a brotar, essa parece ser a analogia mais precisa para exemplificar o que vem a ser quebrantar o homem exterior e renovar o homem interior. Parecem ser duas matérias de naturezas antagônicas, uma vez que o exterior impõe uma barreira a parte interior, de modo que se não houver ruptura do exterior por forcas diferenciais, o interior permanecera intacto. Por analogia, e possível conceber que o interior de um ovo somente terá saída se houver qualquer tipo de ruptura da casca, sem a qual e condição impossível. De tal modo e o proceder de Deus para que a vida que há dentro de nos possa vir a existir, se somente da ruptura, da quebra do exterior. E como esse exterior e rompido? Talvez as duras lições, as árduas situações, os sérios problemas, algumas catástrofes em nossas vidas, que permitiram qualquer tipo de mudança em nos, possa ser a resposta mais adequada ao modo funcional e pratico de se romper o exterior, e a vida interior emergir, a saber, quando emerge novas maneiras de se perceber, perceber o mundo, as pessoas e especialmente a Deus; quando determinadas virtudes começam a brotar; novos padrões de respostas começam a ser reais, e a prova que o interior e renovado.

A meu ver essa e uma situação que fará parte de toda a nossa existência enquanto da nossa relação com Deus. A cada dia, romper o exterior, renovar o interior. Eventos estressantes, situações desafiadoras, enfim, o ineditismo que sempre nos tira dos padrões de ser e fazer conduzindo-nos a dimensões obscuras, sem referenciais de respostas, sem receitas. Literalmente, aquelas situações que nos estressam, nos fazem sofrer, porque não sabemos como reagir, não conseguimos solucioná-las, que por fim exige de nos, o que não sabemos que podemos dar.

A historia parece não ser diferente para ninguém, talvez no nível e quantidade dos fatos. Nas palavras do saudoso Vinicius de Morais, “tristeza não tem fim, felicidade sim”, dura realidade e viver. Mas a minha questão fundamental, não e o porquê das lições da vida, diga-se de passagem, duras, duríssimas lições que muitas vezes temos que passar. Para mim, isso e questão compreendida, tais situações são instrumento que fazem meu homem exterior se romper, se quebrantar.

A questão que para mim e digna de investigação e que em algumas situações que eram para servir de instrumento para quebrar o homem exterior, tem um efeito contrario, no qual nos decepcionamos, magoamos, rebelamos, ao invés do renovo interior, o que se vê são marcas, feridas, dores e angustias na alma, que em muitos casos resulta e no afastamento de Deus. Por que aquilo que poderia nos fazer melhores, tem efeito contrario, quica negativo? Como deveríamos compreender essas situações para auto-ajudarmos e assim entrarmos numa aspiral ascendente rumo ao propósito, e ate mesmo a uma re-aproximação de Deus?

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

O frio




Ao sentar no sofá de casa hoje, e deter-me aos noticiários do dia, chamou-me a atenção, em especial as noticias que remetiam ao frio europeu deste ano, como há anos não era sentido na Europa. A quantidade de gás necessária para aquecimento ultrapassou os limites normais; pessoas morrendo devido as actuais condicoes do clima; os negócios no EUA com prejuízos bilionários devido as baixissimas temperaturas. A reportagem ressaltava que as temperaturas chegavam a -20 graus na Europa, um pouco mais baixa em outros lugares. Fiquei me recordando dos tempos em que vivi na Sibéria Russa, e la enfrentei temperaturas de -40 graus, muitas vezes fazendo de dias com temperatura na casa de -40 graus, dias extremamente alegres, marcantes, com muita diversão. Mas assim que a reportagem seguia, minha irmã, que estava sentada ao meu lado também vendo a reportagem, logo exclamou que era frio demais, algo insuportável. Dai comecei a pensar sobre o papel das situacoes extremas em nossas vidas. Parece-me que a conotação de 'extremo' esta intrinsecamente relacionado aos limites vividos, ao próprio limite, segundo a experiência que cada um permitiu formar. Em outros termos, nossos limites são definidos a partir das nossas experiências, isto e, se pode experimentar e sinonimo de que pode suportar. Resumindo, seu limite foi definido ate onde você foi, ou melhor, ate onde se permitiu ir.
Lembro que ate o momento de começar a sair do Brasil, para outros países, pensar na condição de vivenciar um frio de 0 graus, era me submeter a uma condição muito difícil, iria sentir muito frio, para um jovem do interior de Goiás, acostumado a temperaturas na casa de 15 graus, 0 graus, já era muito frio. Fui morar na Europa, certa feita, tive que dormir na rua em Madrid, a temperatura era de -2 graus nesta noite. Passei em claro toda a noite, os pés congelando, muito frio nas mãos, tendo que me movimentar toda a noite, para tentar me esquentar. Uma das piores noites do ponto de vista da confortabilidade, mas uma das noites inesqueciveis para a alma. Limites foram rompidos, devido a situacao extrema ao meu mundo comum de temperaturas a 15 graus. Evolui, se e que posso chamar de evoluir, meus limites a temperaturas mais baixas. Mesmo assim, cogitar -40 graus, era muito, era demais para mim. Nao obstante, fiz minha escolha, iria viver na Siberia Russa. E por la, o frio nao perdoa, e ascendente sempre no inverno, e chegaram os dias do -40 graus. O que fazer? Como diziam os russos siberianos, não existe frio, existe poucas roupas, ou roupas não apropriadas! Agasalhar de modo a suportar, e suportei. Na mente, depois de mais um dia vivendo -40 graus, sempre a sensação de limites evoluídos, transcendidos. Agora, eu era um sujeito que tinha em seu repertório vivencial a condição de viver um dia-a-dia a -40 graus. Contudo, ficava claro agora compreender porque os russos estavam com roupas de verão, enquanto europeus agasalhados em pleno inverno; porque alguns conseguem trabalhar manualmente o dia todo, enquanto outros não suportam meia hora; porque determinado quantum de barulho e tão irritante para alguns, e tao suportável para outros; porque a mesma quantidade de álcool ingerido por um individuo, o deixa tão bêbado, enquanto para outros não e capaz de nem começar o estado eufórico. A explicação e referente aos limites, que se constituem de modo psico-adaptativo, isto e, sua mente, seu corpo se adapta a determinadas condicoes, obrigando a uma interpretação de que e possível sobreviver. Uma vez sobrevivido, e possível, limite definido. E assim a vida, a minha e a sua vida, vai se fazendo, no decurso das experiências as quais nos permitimos vive-las. Coisa e fato, o limite de cada um, reside na coragem ou covardia de se permitir ir um pouco mais alem!