quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Lições Siberianas de Empreendedorismo (Parte 1)

               Estar na Sibéria é sempre um teste diário para a capacidade de planejamento e de realização. Com estações muito bem definidas, quando é chegado o inverno, acordar com baixas temperaturas e muita neve tendo que enfrentar os afazeres do dia a dia requer sempre uma previsão de como me vestir, qual forma melhor de agasalhar, se devo ter uma sombrinha, qual a melhor forma de transporte, manter ou não certas atividades, e para tudo isso o dia deve sempre começar com acesso as informações do tempo, da previsão do tempo, para a parte da manhã, da tarde e da noite, com todas as possíveis variações.
                É preciso sempre estar atento na umidade do ar, e na sensação térmica. Olhar pela janela logo pela manhã e ver um belo dia ensolarado não é certeza de que o tempo esteja favorável, e talvez menos frio. Com o vento somado a temperatura temos o resultado da sensação térmica, isto é, pode-se ter temperaturas amenas, mas com sensações térmicas de temperaturas mais baixas. Pode ser -5 graus porém a sensação térmica é de -20 graus.
                São situações que nos impõe quando nessas condições o dever do planejamento do dia, a começar com tais informações do tempo, para com isso saber bem como vou me agasalhar, pois ser pego desprevenido é sempre a mais desconfortante das situações, que muitas vezes temos que fazer o caminho de volta para a escolha de melhores peças de roupas para a contenção do frio.
                Para os siberianos é uma situação absolutamente domável e que se aprende desde a infância, resultando em uma expressão que define bem, ao dizerem que não existe frio, existem pessoas mal vestidas, mal agasalhadas. Diante da realidade, quando porventura se veste a meia errada e passa o dia todo com a horrível sensação de que os pés estão molhados, que estão congelando, que vai perdendo a sensibilidade, o ditado naturalmente parece estar muito bem construído.
                Nesse aspecto do planejamento de como estar no dia, e a escolha correta tornam-se preponderante para o bem estar no inverno. Cabe ressaltar o conceito de efetividade, que são as atitudes e escolhas que tornam real e concreto os resultados. No inverno não há possibilidade para a falta de efetividade com relação ao planejado e realizado, ou acerta, ou o dia será de tormenta com a degradante sensação térmica por conta da falta de proteção. Não há espaços para o gerundismo, não se pode estar vestindo, preparando, arrumando, agasalhando. Você já sai de casa vestido, preparado, arrumado, agasalhado.
                No mundo do empreendedorismo a situação é semelhante. Para cada momento, cada ação requer algum grau de planejamento. É preciso traçar o escopo, e planejar as ações. Simplesmente agir sem previsão é sempre um risco, seria como caminhar pelo escuro, sem saber o que nos espera logo avante. Para isso, quanto mais recursos de planejamento, melhor será a consecução dos resultados.
                Feito o primeiro passo, que é ter certo nível de informação e planejado o agir, é hora de colocar em prática. E momento de construir os resultados, é momento de tirar materializar as idéias, transformar a realidade com vistas ao nosso planejado. Para isso o emprego de energia que substancialmente cada nível de situação nos exige.
                O distanciamento entre o planejado e realizado, terá como variante fundamental a efetividade dos nossos procedimentos, e o compromisso com os resultados. Num campo de visão, no ideário, faz saber que para sermos efetivos, é salutar contar com a visão do realizado. Construir desde o início imagens mentais do proposito já realizado. Diz-se que no campo das neurociências, da neurolinguística e da física quântica, que a concepção do realizado em termos do imaginário, cria campos energéticos e quânticos suscetíveis para a compensação das necessidades.
                Para o sucesso do tornar realidade, é preciso de antemão o compromisso com o fim, conceber que os meios são parte para o fim. Dentro da infinidade de exemplos vale ressaltar os mais básicos a título de compreensão ampla. O gerente do departamento planeja para os próximos dias uma ação de vendas para queima de estoque. Para isso traça o escopo, define um plano e compartilha com sua equipe. E para o João é dada a tarefa de ficar responsável pelo material gráfico de divulgação da campanha. Todos os dias o gerente reúne a equipe para um feedback, e organizar o budget, a diferença entre o planejado e realizado. E quando perguntado, o João se sentindo cansado sempre responde que havia ligado, havia falado, havia pedido, e estava tudo sendo resolvido. Todos os dias era a mesma história. O João estava fazendo! O gerente prevendo que as tarefas passadas ao João fossem se realizar, decide ele mesmo realizar. O João sobremodo decepcionado questiona o gerente sobre a atitude, pois para ele em todo o tempo ele foi ativo, em todo o tempo este fazendo.
                A realidade do exemplo, que se passa entre um gerente um membro da equipe, demonstra a realidade que se encontra nos mais variados espaços empresariais, do serviço público, das atividades sociais, e demais, a saber a falta de compromisso com o fim, a insana ideia de que o compromisso com os meios nos legitime como bons executores, numa lamentável concepção de que fazer por fazer, do ativismo sem vistas ao objetivo, representa o melhor modo de estar e ser participe da vida organizacional de qualquer empreendimento.
                O nível mais maléfico de realidade linguística para o empreendedorismo certamente é o gerundismo. Deparar com a realidade do gerundismo como resposta para o planejado é como nos deixar sem a definição concreta de qual momento nós estamos em nosso planejamento. E preciso respostas do onde, como, porque, quando, que horas, que parte. E preciso ser quanto mais atomista, no sentido de ter claro todas as partes do desenvolvimento do planejamento para melhor visualização e definição dos resultados.
                É preciso a construção dos valores do fim, em que todos entendam que estar fazendo, pode significar não fazer, pois no final, quando os resultados não comparecerem depois de intensa atividade, o desgaste e apregoação do fracasso serão reluzentes e discriminado para todos. O João não entendeu que não bastava apenas ligar, que independentemente era preciso o material na data prevista. E que para ter sido efetivo, o seu compromisso deveria ser com o fim. Caso fosse, certamente João teria construído várias alternativas para ter chegado ao fim, ter tido seu resultado favorável como determinado para ele. Talvez tivesse ido pessoalmente, agendado o transporte, falado, brigado, enfim, se efetivo o João, não importando como, teria cumprido seu objetivo. Esse sim, é o sinônimo da efetividade. Missão dada, deverá ser sempre uma missão cumprida.

                Empreender consiste na básica tarefa de a cada dia planejar e executar de modo efetivo pois como um siberiano, não ser efetivo com os resultados é a certeza de sentir o frio cortante e aridez do inverno. Não ser efetivo nessas condições é prerrogativa do refazer, do alongamento do tempo, do desgaste do tentar novamente. E para ser econômico em todos os sentidos, nada mais caprichoso que ter por essência do fazer a efetividade.